INTRODUÇÃO – POR QUE DEVERÍAMOS AGRADECER AO CAPITALISMO?
Recorrentemente o capitalismo é acusado de tornar os ricos mais ricos e os pobres mais pobres, ou seja, de condenar os homens à miséria As críticas morais de Marx ao capitalismo refletiam esse espírito de que a vida do homem seria corrompida pelas relações frias dos mercado. Porém, a chamada Escola Austríaca de economia tem um pensamento diferente em relação ao livre mercado.
Em
seu clássico livro “As seis lições”, o professor Ludwig von Mises mostrou como
o capitalismo salvou o mundo da miséria. O enorme crescimento populacional na
Inglaterra no século XVIII fez com que surgissem párias e indigentes sem
empregos. Mas alguns desses homens deixados à própria sorte emergiram pessoas
que abriram pequenos negócios. Os artigos produzidos não eram caros, o que
permitiu o surgimento da “produção de massa”: aquele tipo de empresa que produz
e se guia através da satisfação de seus clientes. Assim, com o maior consumo, a
economia pôde se desenvolver e a miséria crescente se reduzir. Mises descreve porque devemos agradecer aos capitalismo.
“ Assim, se um inglês - ou, no
tocante a esta questão, qualquer homem de qualquer país do mundo - afirmar hoje
aos amigos ser contrário ao capitalismo, há uma esplêndida contestação a lhe
fazer: ‘Sabe que a população deste planeta é hoje dez vezes maior que nos
períodos precedentes ao capitalismo? Sabe que todos os homens usufruem hoje um
padrão de vida mais elevado que o de seus ancestrais antes do advento do
capitalismo? E como você pode ter certeza de que, se não fosse o capitalismo,
você estaria integrando a décima parte da população sobrevivente? Sua mera
existência é uma prova do êxito do capitalismo, seja qual for o valor que você
atribua à própria vida.’”
A própria existência humana se deve ao capitalismo. As empresas
concorrem entre si para produzir melhor e mais barato para agradar aos
consumidores. Se hoje, boa parte da população não passa fome, não passa frio.
Se hoje a população tem acesso a vários bens úteis e cada vez mais baratos,
isso se deve à concorrência e a própria natureza do livre mercado.
A DEMOCRACIA DO CONSUMIDOR
O
livre mercado pode ser entendido como a democracia do consumidor, em que este
deposita seu voto diariamente nas empresas que melhor o satisfazem. Baseado na
livre troca, as pessoas podem escolher entre as empresas que fornecem os bens
desejados e pelo melhor preço. O capitalismo não beneficia somente os
empresários, mas também a toda sociedade, entendida aqui como um conjunto de
consumidores.
Como
Adam Smith descreveu no seu clássico exemplo não é da benevolência do
açougueiro que devemos esperar nosso alimento, mas é através da busca pelo
lucro que ele produz os artigos necessários à nossa sobrevivência. Portanto, os
interesses individuais (do empresário) geram o bem-estar coletivo (dos
consumidores e, por consequência, da sociedade).
Porém,
apesar de seguir seus interesses egoístas, o empresário deve é um servo dos
consumidores. São esses que decidem diariamente aquelas empresas que devem
continuar no mercado. Ao competir por maiores lucros, os empresários investem
na produção com o intuito de melhorar e baixar o preço de seus produtos e
serviços para que os consumidores se satisfaçam e continuem a comprar das
melhores empresas. A sobrevivência no mercado nunca está garantida.
Nesse
ponto, a competição não só beneficia aos mais ricos, mas aos mais pobres
também, os quais podem abrir empresas e desde que satisfaçam o desejo dos
consumidores podem ascender socialmente. Há inúmeros casos de pessoas pobres
que abriram seus negócios e conseguiram alcançar melhores posições dentro da
hierarquia social.
AS
TROCAS VOLUNTÁRIAS
O
mercado também é um ambiente propício para as relações sociais se harmonizarem.
As trocas voluntárias permitem que compradores e vendedores se beneficiem. Ao
comprar um determinado produto, os consumidores se satisfazem e os produtores
ao venderem também se sentem assim. Portanto, o livre mercado, novamente,
beneficia a todos.
As
trocas voluntárias não benéficas apenas no sentido dos prazeres entre os
agentes, mas a toda sociedade, pois ao escolher aqueles que melhor o
satisfazem, os consumidores deixam de lado preconceitos, seja racial ou
religioso. Um empregador que deixar de empregar um homem negro, o qual se
mostrou ser um ótimo trabalhador, sem dúvida acarretará em perdas. O homem que
não comprar produtos de qualidade e baratos de uma empresa, cujo dono é de uma
determinada religião terá prejuízos. Portanto, o mercado não elimina os
preconceitos existentes, mas ajuda a reduzi-lo.
A LIBERDADE DE MERCADO E A INTERFERÊNCIA GOVERNAMENTAL
O
pressuposto fundamental do capitalismo é liberdade. As pessoas devem ser livres
para trocar, ofertar e comprar sem que uma agência externa interfira nesse
processo. A chamada “mão invisível” de Adam Smith faz com que o mercado se
auto-regule, ou seja, elimina os excessos. Os indivíduos devem ser livres para
comprar produtos importados, para negociarem seus salários, para comprarem e
ofertarem seus produtos.
No
livre mercado, os seus agentes por estarem dentro do processo obtêm as melhores
informações sobre oportunidades de lucro e, portanto, de como alocar os recursos
de maneira eficiente. Sem uma intervenção externa, os recursos serão alocados
de maneira a satisfazer as necessidades mais urgentes dos consumidores. Ou
seja, ao buscar oportunidades para lucrar, os empresários partirão para setores
mais urgentes. Portanto, os recursos econômicos serão alocados da maneira mais
eficiente possível. O governo, por sua vez, por não estar dentro desse processo
não tem essas informações necessárias para alocar os recursos de maneira
eficaz. Dessa maneira, é necessário deixar o mercado livre.
Alguns
exemplos são interessantes. O primeiro refere-se às obras públicas. Ao coletar
impostos para construir uma determinada obra, a qual muitas vezes não tem
nenhuma necessidade, o governo tira recursos da iniciativa privada, que usaria
esse dinheiro “roubado”para investir na produção de bens urgentes para a
população. Dessa maneira, os recursos foram desviados para setores menos
urgentes.
O
crédito estatal é um exemplo. Ao não incorrer em riscos, o governo pode
emprestar para as empresas mais ineficientes, as quais poderão comprar máquinas
e insumos para sua produção, enquanto as empresas mais eficientes não poderão
obter esses recursos. Haverá uma concorrência desleal: os recursos serão
destinados às empresas que não saberão como produzir de maneira eficiente,
enquanto as eficientes perderão espaço. O grande perdedor será a sociedade, a
qual terá que suportar produtos piores e mais caros.
E
por último o protecionismo. Com o intuito de desenvolver a indústria interna,
os governo aumentam as tarifas para produtos importados. Os produtos nacionais,
geralmente caros e de qualidade inferior (dependendo do país) tornam-se-ão mais
atrativos aos consumidores. Porém, o que não se vê é que ao gastar mais com os
produtos nacionais do setor protegido, os consumidores terão menos dinheiro
para comprar produtos de outros setores não-protegidos. Dessa forma, gera-se
empregos nos setores protegidos e desemprego nos não-protegido.
CONCLUSÃO
A
conclusão evidente é de que seguindo a lógica do mercado e do capitalismo,
quanto mais liberdade comercial, melhores serão alocados os recursos da
economia e toda a sociedade se beneficiará. As intervenções governamentais só
geram desvios e corrompem toda a estrutura econômica. Além de ter salvado
vidas, como demonstrou Mises, o mercado é a maneira mais eficiente de
estruturar a complexidade das relações econômicas.
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