A Grande Depressão
Americana foi, talvez, o maior evento econômico do século. Culpa-se o
capitalismo e o estilo de vida americano por sua ocorrência e que sem as
intervenções governamentais, a economia americana não teria se recuperado.
Porém em “A Grande Depressão americana”, o economista Murray N. Rothbard desvenda
alguns desses mitos, mostrando como a culpa não foi do capitalismo, mas da
política inflacionária americana, e que, ao contrário do que se pensa, o presidente
Hoover ao invés de adotar o liberalismo, criou as bases para o New Deal.
No começo do livro, o
autor demonstra teoricamente a teoria austríaca dos ciclos econômicos. A partir
do momento em que o governo, através do Banco Central, expande a oferta
monetária, através do crédito bancário, as taxas de juros caem. Pensando que há
mais capital disponível, os empresários são levados a investir em bens de ordem
mais afastadas do consumo. Porém, não há capital suficiente, pois ao invés de
poupar, as pessoas continuam consumindo. Haverá um momento em que, após a
contração do crédito, esses investimentos vão se revelar insustentáveis e terão
de ser liquidados. Essa é a teoria resumida.
Discutido o aparato
teórico, Rothbard mostra que a política econômica americana durante a década de
1920 foi inflacionária. A forma expansionista seguiu por dois caminhos: os
depósitos à vista foram tranformados em depósitos a prazo, o que incentivou os
bancos a expandirem o crédito. Outro caminho foi o aumento das reservas
bancárias, incentivada pelo Banco Central americano, que reduziu as taxas de
aceitações e de desconto. Assim, ao comprar ativos desses bancos, além da
compra de títulos do governo, o FED fez com que as reservas dos bancos
aumentassem. Portanto, percebe-se como a década de 1920 foi altamente
inflacionária.
Os por ques da inflação
são interessantes. Basicamente, esse aumento do crédito tinha como função emprestar
para o estrangeiro, principalmente Inglaterra, que sofria com alguns problemas
econômicos. Ajudar as exportações agrícolas também estava entre os planos da
política econômica. Outro fator importante foi a estabilização inflacionária.
Ou seja, com a queda natural dos preços decorrente do aumento da produtividade,
a expansão monetária contrabalanceava essa deflação.
Outro mito é de que o
governo Hoover foi liberal. Pelo contrário, mas altamente intervencionista e
foi justamente essa postura que impediu o fim da depressão. Aliás, as práticas
de Hoover não se diferiram muito das de Roosvelt, o suposto herói da Depressão.
Obras públicas, altos salários e política inflacionária foram as práticas
adotadas por esse presidente.
Segundo Rothbard, ao
manter os salários altos, o desemprego não seria e nem foi eliminado, mas
continuou a aumentar. Os gastos do governo e os impostos só impediam que as
empresas privadas pudessem investir mais na produção. E a política
inflacionária e o aumento do crédito, além de impedir a necessária queda dos
preços, fez com que os investimentos errôneos feitos durante o boom fossem
liquidados, mas ainda mais estimulados. A Depressão não teria fim mesmo, com
tais práticas.
A história revisada da
Grande Depressão, segundo Rothbard, mostra que esta foi causada e estimulada
pelo governo e pelo Banco Central. O capitalismo não é culpado, portanto, desse
acontecimento, mas tanto a intervenção do governo para criá-lo, quanto para
tentar resolvê-lo, foram os principais responsáveis pela Grande Depressão.
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