A recente política governamental de aumento de juros com o
intuito de controlar a inflação só exacerba a economia do rentismo:
distribuição de renda dos mais pobres para os mais endinheirados. Os impostos,
que ao menos no campo teórico, dever-se-ia servir para atender com serviços
básicos a população carente serve para pagamento de juros aos rentistas, além
de contribuir para solapar a já frágil economia brasileira, reduzindo, nesse
sentido, os incentivos aos investimentos.
Não sem razão Keynes pedia a eutanásia do rentista.
As
políticas que beneficiam o rentismo só tendem a inviabilizar o investimento
macroeconômico (produtivo), gerador de renda e riqueza para o país. Ao
transformar a renda com juros mais tentadora do que o investimento produtivo, é
claro que o amor ao dinheiro faz com que os detentores da riqueza prefiram
ganhar dinheiro sem precisar se preocupar com a incerteza. Nesse sentido, a
taxa de investimento, a qual está em torno de 17% níveis baixos comparados com
China e Coréia do Sul, por exemplo, tende a continuar a níveis baixos,
prejudicando a geração de emprego e riqueza. O “pibinho” vai continuar cada vez
mais “pibiinho”.
Esse
baixo crescimento e a uma possível queda do emprego, decorrente dos baixos
investimentos, tendem a exacerbar os problemas sociais, já vigentes no país, em
que a falta de mobilidade social traz consigo maior violência e insegurança a
todos, inclusive aos rentistas. O baixo crescimento econômico faz, também, com
que o governo arrecade menos e, portanto, com que possa gastar mais com ajuda
aos desempregados e aos mais necessitados.
Mas a
economia rentismo não apenas inviabiliza o crescimento econômico, e, portanto,
a geração de renda e riqueza para o país, como impede que serviços básicos
sejam realizados. Com o aumento das taxas de juros a serem pagas aos detentores
de títulos do governo, este pagará vultuosas quantias com pagamento de juros.
Em contrapartida, gastos com saúde, educação e segurança serão reduzidos para
cumprir o pagamento aos rentistas. Nessa situação, não resta alternativa ao
governo brasileiro que não a de reduzir os gastos com serviços de cidadania, o
que prejudica a toda uma população, dependente desses serviços.
É nesse
sentido que as políticas do bolsa família atua. Segundo os professores Denis Maracci
Gimenez e Daví José Nardy Antunes (em artigo denominado:“T R A N S F ER Ê N C I
A D E RE N D A AOS RI COS E AOS POB R E S N O BR A S I L –NOT A S SOBR E OS J U R OS AL T OS E O BOL S A - F AMÍ L I A”.) devido ao pagamento excessivo de
juros, os recursos a disposição do Estado são baixos, dessa maneira esse pouco
que sobra é utilizado para gastar com essas políticas assistencialistas mais
baratos, que por mais que sejam interessantes não chegam ao cerne do problema
da desigualdade e da pobreza, em que prevalecem baixa oportunidades e falta de
serviços básicos. A economia do rentismo, assim, impede que políticas efetivas,
os quais requerem mais recursos, de
redução da pobreza e da desigualdade.
A
economia do rentismo só tende a trazer prejuízos ao país. Com o intuito de
reduzir a inflação, o aumento de juros prejudica não só a economia como um
todo, gerando desemprego e menos geração de renda, mas inviabiliza que
políticas públicas básicas sejam feitas para que toda a população tenha acesso a
serviços públicos de qualidade. Talvez seja exagero pedir a eutanásia do
rentista, mas se faz necessária a eutanásia da economia do rentismo. Isso sim,
não seria exagero algum.
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