quinta-feira, 20 de junho de 2013

Eutanásia da economia do rentismo

                A recente política governamental de aumento de juros com o intuito de controlar a inflação só exacerba a economia do rentismo: distribuição de renda dos mais pobres para os mais endinheirados. Os impostos, que ao menos no campo teórico, dever-se-ia servir para atender com serviços básicos a população carente serve para pagamento de juros aos rentistas, além de contribuir para solapar a já frágil economia brasileira, reduzindo, nesse sentido, os incentivos aos investimentos.  Não sem razão Keynes pedia a eutanásia do rentista.
                As políticas que beneficiam o rentismo só tendem a inviabilizar o investimento macroeconômico (produtivo), gerador de renda e riqueza para o país. Ao transformar a renda com juros mais tentadora do que o investimento produtivo, é claro que o amor ao dinheiro faz com que os detentores da riqueza prefiram ganhar dinheiro sem precisar se preocupar com a incerteza. Nesse sentido, a taxa de investimento, a qual está em torno de 17% níveis baixos comparados com China e Coréia do Sul, por exemplo, tende a continuar a níveis baixos, prejudicando a geração de emprego e riqueza. O “pibinho” vai continuar cada vez mais “pibiinho”.
                Esse baixo crescimento e a uma possível queda do emprego, decorrente dos baixos investimentos, tendem a exacerbar os problemas sociais, já vigentes no país, em que a falta de mobilidade social traz consigo maior violência e insegurança a todos, inclusive aos rentistas. O baixo crescimento econômico faz, também, com que o governo arrecade menos e, portanto, com que possa gastar mais com ajuda aos desempregados e aos mais necessitados.
                Mas a economia rentismo não apenas inviabiliza o crescimento econômico, e, portanto, a geração de renda e riqueza para o país, como impede que serviços básicos sejam realizados. Com o aumento das taxas de juros a serem pagas aos detentores de títulos do governo, este pagará vultuosas quantias com pagamento de juros. Em contrapartida, gastos com saúde, educação e segurança serão reduzidos para cumprir o pagamento aos rentistas. Nessa situação, não resta alternativa ao governo brasileiro que não a de reduzir os gastos com serviços de cidadania, o que prejudica a toda uma população, dependente desses serviços.
                É nesse sentido que as políticas do bolsa família atua. Segundo os professores Denis Maracci Gimenez e Daví José Nardy Antunes (em artigo denominado:T R A N S F ER Ê N C I A D E RE N D A AOS RI COS E AOS POB R E S N O BR A S I L –NOT A S SOBR E OS J U R OS AL T OS E O BOL S A - F AMÍ L I A”.devido ao pagamento excessivo de juros, os recursos a disposição do Estado são baixos, dessa maneira esse pouco que sobra é utilizado para gastar com essas políticas assistencialistas mais baratos, que por mais que sejam interessantes não chegam ao cerne do problema da desigualdade e da pobreza, em que prevalecem baixa oportunidades e falta de serviços básicos. A economia do rentismo, assim, impede que políticas efetivas, os quais requerem mais recursos,  de redução da pobreza e da desigualdade.
                A economia do rentismo só tende a trazer prejuízos ao país. Com o intuito de reduzir a inflação, o aumento de juros prejudica não só a economia como um todo, gerando desemprego e menos geração de renda, mas inviabiliza que políticas públicas básicas sejam feitas para que toda a população tenha acesso a serviços públicos de qualidade. Talvez seja exagero pedir a eutanásia do rentista, mas se faz necessária a eutanásia da economia do rentismo. Isso sim, não seria exagero algum. 

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