Nas manifestações que ocorreram ao redor do Brasil inteiro,
em muitos casos, militantes de partidos políticos foram atacados; partidos e
alguns movimentos sociais sofreram retaliações. O senador Cristovam Buarque,
segundo informou a Carta Capital, defendeu que o momento era de se abolirem os
partidos políticos. De maneira específica, por que estes não poderiam
participar de protestos? Por que esse “ódio” aos partidos políticos e a seus
militantes?
A
formação dos partidos de massa, em que se trouxe como consequência uma
distância grande entre a parte superior da hierarquia e a base militante.
Situação essa, em que os interesses da base são suplantados, ou nem são
ouvidos, pelo alto. Esse conflito impede que os partidos sejam canais, nos
quais o povo poderia tentar colocar seus interesses em prática. Ou mais, sequer
há um espaço democrático de discussão dentro do partido.
Representando
mais interesses do alto do que os interesses da base, os grandes partidos
políticos brasileiros meras casas de aluguel, em que candidatos escolhem
partidos apenas para se elegerem ou acordos são feitos para ter mais tempo de
propaganda na televisão. Vale lembrar o emblemático caso em que o PT se aliou
ao PP, de Paulo Maluf, inimigos históricos, para que o PT pudesse ter mais
tempo na televisão.
Os
partidos políticos brasileiros, mais especificamente os grandes, já não
representam mais qualquer ideologia específica, propostas efetivas para os
problemas. Basta ver qualquer propaganda partidária são sempre as mesmas: “Vamos investir mais em educação, saúde e
segurança.” Mas como fazê-lo? Quais propostas efetivas para realizar tais
promessas? Simplesmente não existe, ou se existem não são colocadas em pauta.
Para
reverter esse tipo de situação, seria necessária toda uma maior compreensão de
política por parte da sociedade, em que os problemas devem ser identificados e
soluções e propostas discutidas. Nesse sentido, a função de um partido age em
dois sentidos tanto para colocar em prática os interesses sociais quanto para ser um dos canais de
discussão social. Dessa forma, é preciso compreender e fazer com que os
partidos políticos voltem a ter papel de caráter democrático.
A
hostilidade de que sofreram os partidos e seus militantes durante os protestos
não tornam a sociedade mais democrática, pelo contrário, torna-a mais
vulnerável à ditaduras, nas quais não há necessidade de partidos. Os partidos
são canais democráticos, em que pessoas com mesmas ideias se encontram para
tentar colocá-las em prática.
Alguns
partidos brasileiros em vigência tiveram um papel histórico fundamental seja na
luta por maiores direitos sociais (como alguns partidos trabalhistas, como o
PTB de Vargas e, também, o PCB), como na luta contra a ditadura (MDB, atual
PMDB) e na redemocratização do país. Há outros novos partidos surgindo com novas ideias e propostas para o Brasil.
Um ponto é querer que os partidos voltem a ter um caráter democrático, seja
voltando a ser um canal de discussões quanto para tentar colocar propostas em
prática, outro ponto bem diferente é repudiá-los ou desejar aboli-los.
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