O professor Ludwig von Mises escreveu que o capitalismo salvou muitas
pessoas da fome e trouxe melhorias quanto a bem-estar. Discordando ou não, a
verdade é que hoje o padrão de vida é muito melhor do que se comparada duzentos
anos atrás quando se iniciou a Revolução Industrial. Em “Imaginação Econômica”,
Sylvia Nasar procura mostrar como os economistas pós-Indústria contribuíram ao
propor idéias e debates para aliviar a miséria e os problemas de cunho econômico
de “nove décimos”da população, número este que diziam estar condenado à
pobreza.
O conformismo e a
naturalidade com relação a tais problemas, como, por exemplo a ideia de Malthus
de que devido ao crescimento populacional e o número fixo de alimentos o mundo
estava destino à pobreza, foram sendo abandonados para darem lugar a uma nova
visão: a de que o homem é dono de seu destino e que não há nada externamente,
que o impeça de melhorar seu padrão de vida.
“Tendo superado
terríveis obstáculos, eles também viam o homem como fruto fruto de suas
circunstâncias. Também perceberam que as condições materiais de vida para ‘nova
partes em dez de toda a raça humana’já não eram imutáveis, predeterminadas pelo
‘passado cego e brutal’, e totalmente fora do controle humano e da influência
humana.”
A economia, como Alfred
Marshall definia essa ciência, era um instrumento destinado a pensar soluções
para minimizar a pobreza e criar melhores padrões de vida. Tanto que este mesmo
autor acreditava que o aumento da produtividade, causada pela força das
empresas, criariam melhores produtos e melhor salários, fazendo com que os
trabalhadores se beneficiassem de um aumento da produção.
O economista Joseph
Shumpeter seguia a mesma lógica de Marshall, porém com alguns incrementos. Para
ele, era a “destruição criativa”, ou seja, a inovação na produção e nos
produtos eram o que geravam o crescimento econômico. Esse argumento nada mais é
do que uma afirmação de os homens fazem seu próprio destino, independentemente
de força externas, porque se é a inovação, que gera o crescimento econômica,
então a abundância de recursos naturais não faz com que um país seja rico ou
não, mas o que ele pode desenvolver com estes.
E de fato, as condições
de vida após a Revolução Industrial aumentou
a produção para níveis antes nunca vistos. Os padrões de vida melhoraram.
Porém, muitos economistas como Karl Marx e Engels, idealizadores do comunismo,
mas, principalmente, críticos do capitalismo não acreditavam nesse afirmação e
propuseram idéias novas, como o fim do capitalismo. Já Beatrice e seu marido,
Sydney Webb não defendiam o fim do sistema, mas argumentavam que o Estado
deveria prover o bem-estar da população, inclusive do trabalhador. Um exemplo
de ideia defendida por eles era o do salário mínimo nacional. Com um
trabalhador mais bem pago, ele será mais bem alimentado, terá mais saúde e
força, o que aumentará sua produtividade e, consequentemente, a da produção em
geral, gerando melhorias para toda a população. Os Webb foram os fundadores do
modelo de “Estado do Bem-Estar Social.”
Amartya Sen, por
exemplo, argumentava uma nova forma de pensar em bem-estar. Os economistas
pensam somente nas equações do PIB e na renda, mas o que mais importa são as
opurtunidades. Um carro pode ser valorizado por dar a uma pessoa condições de
se locomover. A renda, portanto, serve para criar mais oportunidades mas,
estas só podem existem em um ambiente, no qual exista boa educação, saúde e
etc. Uma nova forma de pensar o bem-estar das pessoas deveria levar em conta
tais elementos e não somente a renda.
Para o economista
Irving Fisher, as altas e baixas da economia – crescimento e depressões –
poderiam ser evitadas. Ao dizer que ao prever a flutuação de preços, um Banco
Central poderia até mesmo evitar esses oscilações na economia. A estabilização
dos preços e da moeda impediriam essas oscilações. John Maynard Keynes, na
mesma linha, defendia que as depressões eram um erro técnico ao invés de
natural. Portanto, essas desestabilizações poderiam ser reduzidas. Em uma
depressão, os preços declinam, e, portanto, investimentos, também. Um Banco
Central deveria expandir o crédito para aumentar os preços até que voltasse
compensar a investir. Dessa forma, é possível evitar grandes estragos na
economia e para a população.
A idéia por trás da
viagem de Sylvia Nasar da Inglaterra Vitoriana a Índia dos dias atuais é
mostrar que os grandes pensadores da economia não só desenvolveram idéias
importantes como utilizaram a economia como um instrumento para tentar melhorar
a situação de vida da imensa massa. Todos esses grandes pensadores citados por
Nasar têm inúmeras diferenças entre eles, mas o legado é o mesmo: os problemas
econômicos não são naturais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário