Os Estados Unidos enfrentam uma grave crise
econômica, mas esse não é o único problema que esse país terá de enfrentar nos
próximos anos. Em “Éramos nós a crise” (Cia das Letras), Thomas Friedman e Michael Mandelbaum
demonstram que a crise americana é muito mais que econômica, e sim, em questões
como educação, a política e nos valores.
A grandeza americana tem diminuído consideravelmente e, pior, a China
tem tomado o posto que antigamente pertencia aos americanos. O sonho americano está ficando cada vez mais distante.
Nos próximos anos haverá quatro grandes
desafios aos Estados Unidos no que se refere a se adaptar ao novo mundo: a
globalização, a revolução da tecnologia e informação, os enormes déficits e as
questões ambientais. Para resolvê-los, os autores recordam a fórmula do sucesso
americano que passa pela parceria entre o Estado e a iniciativa privada:
fornecer educação a todos, construção e modernização da infraestrutura, manter
as fronteiras abertas à imigração, incentivos à pesquisa e desenvolvimento, e
regulamentação por parte do governo.
Para enfrentar os desafios, os Estados
Unidos necessitam revitalizar essa fórmula, como sempre o fizeram em períodos
de crise, como quando a União Soviética largou à frente na corrida espacial ao
lançar o Sputnik ao espaço. Nesse momento em que a China e outros países
pretendem tomar o posto americano, é necessário convocar a população a
enfrentar esses enormes e complicados desafios. Uma ação coletiva é fundamental
nesse momento, dizem os autores.
Os dois primeiros desafios, globalização e
a tecnologia e informação, estão intimamente ligadas, já que o mundo está cada
vez mais plano, pois as pessoas e empresas estão hiper-conectadas Para que as
empresas possam concorrer no mercado global é preciso investimentos em pesquisa
e desenvolvimento para a criação de novas tecnologias e novos produtos, que
possam gerar mais empregos.
Mas o mais importante para esse mundo plano
é a educação. A globalização e a tecnologia, aos poucos, vão eliminando os
empregos que podem ser feitos por computadores e máquinas. Agora não existem
empregos na média e simples, ou seja, para conseguir um emprego e se manter
nele nesse novo mundo é preciso estar sempre acima da média. Empreendedores
criativos, que criem novas empresas e nova tecnologias, e servidores que sempre
tenham algo a mais a oferecer.
Para gerar empreendedores e servidores
criativos, a educação é a chave. Melhorar a qualidade da educação, seja fazendo
com que os professores melhorem ou incentivando o estudo em matérias como
matemática e ciências, mas incentivar a criatividade e o espírito crítico para
que esses alunos tenham o mais que o mercado necessita. Os novos empregados não
devem apenas realizar seus serviços, mas devem contribuir com novas ideias e
projetos e\ou relacionar-se com os clientes de maneira eficiente e agradável. A
educação deve trazer esse a mais tão necessário no mundo plano de hoje.
A guerra à matemática, como definiram os
autores sobre a questão dos déficits, podem prejudicar as futuras gerações,
pois elas terão que pagar a enorme conta que os políticos deixaram que
chegassem a conta dos Estados Unidos. A solução dos autores passa por um forte
aumento de impostos e redução nos gastos com determinados benefícios sociais
para que seja viável investir em infraestrutura, educação e pesquisas. Porém, a
geração atual de políticos, criados no ambiente da radicalização das ideias
partidárias, não deseja colocar em prática essa solução, seja por parte dos
republicanos que não querem aumentar impostos ou por parte dos democratas que
não querer reduzir os gastos.
A guerra à física refere-se, segundo os
autores, a tentativa do governo americano em ignorar as mudanças climáticas. Ao
invés de incentivar as novas fontes energéticas e tecnologias ambientais, os
Estados Unidos continuam importando petróleo e desencorajando as alternativas.
Tanto o mundo atual e futuro, as fontes alternativas serão o motor para o
crescimento econômico, ignorá-las é perder espaço para os países, como a China,
que têm investido nelas. Aumentar os impostos e aumentar as regulamentações
para os produtores de combustíveis fósseis gerará o incentivo necessário ao
desenvolvimento de empresas que invistam em fontes e tecnologias alternativas.
Para resolver esses quatro desafios, é
preciso uma terapia de choque. Os autores defendem que um terceiro candidato,
que não seja nem republicano nem democrata, proponha tais soluções, que são de
certa forma são moderadas. Caso esse candidato ganhe espaço, os outros dois,
para ganhar tomar os eleitores, terão que deixar o radicalismo de lado e
aceitar algumas soluções moderadas. Como no caso dos déficits. Imagine
republicanos dizendo que é necessário aumentar os impostos ou democratas
dizendo que é preciso cortar gastos. Esse seria o efeito do terceiro candidato
e da terapia de choque. Mais ainda, esse
candidato deveria servir como inspiração e chamar as pessoas para uma ação
coletiva. Esta só pode acontecer se as pessoas, como em períodos de guerra e de
crises, não só pensarem de maneira individual, mas pensarem em torno do bem
comum.
A
grandeza dos Estados Unidos depende de como eles enfrentarão seus desafios. Nos
últimos anos, tem –se evitado o encontro com o novo mundo e seus desafios. Para
os autores, agora é a hora de mudar e revitalizar a fórmula da prosperidade, e
fazer com que a população aja de maneira coletiva. Haverá sacrifícios, mas para
o benefício é recompensador: o sonho americano precisa continuar vivo.
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